O programa se assemelha a outros disponíveis ao redor do mundo para o tratamento de jovens problemáticos. Instrutores os conduzem por circuitos com obstáculos no estilo do exército, há sessões de terapia em grupo e também atividades ligadas à poesia e música. Mas esses jovens não estão lutando contra o álcool ou as drogas. Eles enfrentam casos graves do que muitos acreditam ser uma nova forma de vício: a dependência do ciberespaço. Por isso ele estão vão à Jump Up Internet Rescue School (Escola de Resgate da Internet Jump Up), o primeiro acampamento desse tipo na Coréia do Sul, e possivelmente no mundo, onde buscam tratamento.
Lee Chang-hoon, 15 (foto acima), foi internado porque ficava conectado 17 horas por dia.
A Coréia do Sul se orgulha de ser a nação mais conectada da Terra. E provavelmente nenhum outro país tenha adotado a internet de maneira tão intensa. Cerca de 90% das casas sul-coreanas têm acesso a conexões (baratas) de banda larga, games on-line se tornaram um esporte profissional e a vida social no país fica em volta dos “PC bangs”, os internet cafés existentes em praticamente todas as esquinas.
Vício:
Mas essa facilidade de acesso à web tem um preço: legiões de usuários obcecados acreditam que não podem ficar longe das telas de computadores. O uso compulsivo da web foi identificado como um problema de saúde mental em outros países, incluindo Estados Unidos. No entanto, ele pode ser particularmente sério na Coréia do Sul por conta do acesso quase universal que a população tem à rede mundial de computadores. O problema virou assunto nacional nos últimos anos, depois que usuários começaram a morrer de exaustão, após passar dias conectados a jogos on-line. Um grande número de estudantes abandonou as escolas para ficar na internet, um comportamento autodestrutivo em uma sociedade tão competitiva. Além disso, 30% dos sul-coreanos com menos de 18 anos (cerca de 2,4 milhões de pessoas) correm o risco de se viciar em internet, segundo Ahn Dong-hyun, psiquiatra infantil da Hanyang University, em Seoul. Ela acaba de completar um estudo de três anos financiado pelo governo que trata desse assunto. Para combater o problema, o governo construiu 140 centros de ajuda aos viciados em internet, além de oferecer programas em cem hospitais e, agora, o acampamento. Médicos na China e Taiwan vêm detectando esse mesmo tipo de vício entre seus jovens. Nos Estados Unidos, o psiquiatra Jerald J. Block, da Universidade de Ciência e Saúde de Oregon, estima que mais de 9 milhões de norte-americanos correm o risco de sofrer desse mesmo problema, classificado por ele como uso patológico do computador. “A Coréia está na frente, quando se fala em tratamento. Eles estão na frente na maneira como definem e estudam o problema, além de reconhecer que sua sociedade tem um grande problema”, disse Block.